domingo, 25 de setembro de 2011

Uma declaração de amor

Outro post, mesmo assunto.

"amar é..." muitas coisas. Uma delas é guardar a pessoa amada, em noites e dias, e chuva e sol, contra e a favor do vento. Talvez essa pessoa não nos guarde; isso não afeta o nosso amor, porque amor é gratuito.

Amor é inteligente, não é tonto. Amor não espera o que não virá. Amor segue adiante. Amor constrói o possível hoje, e o impossível hoje pode ficar na lista de trabalhos do dia, do mês, do ano, da década seguinte.

Ainda assim, o Chico estava malzinho quando veio com essa letra. Gosto dela, mesmo assim. Quem nunca afogou as mágoas na latinha, em geral sem mantinha, para no dia seguinte ver que o sol ainda estava lá?

Talvez eu devesse tomar um pileque; mas, acho que não. Só esse coração por ele mesmo já tem capacidade de se embebedar...
Ai, Chico, Chico... agora conta, como hei de partir?

Eu Te Amo
Chico Buarque

Ah, se já perdemos a noção da hora
Se juntos já jogamos tudo fora
Me conta agora como hei de partir

Ah, se ao te conhecer
Dei pra sonhar, fiz tantos desvarios
Rompi com o mundo, queimei meus navios
Me diz pra onde é que inda posso ir

Se nós nas travessuras das noites eternas
Já confundimos tanto as nossas pernas
Diz com que pernas eu devo seguir

Se entornaste a nossa sorte pelo chão
Se na bagunça do teu coração
Meu sangue errou de veia e se perdeu

Como, se na desordem do armário embutido
Meu paletó enlaça o teu vestido
E o meu sapato inda pisa no teu

Como, se nos amamos feito dois pagãos
Teus seios ainda estão nas minhas mãos
Me explica com que cara eu vou sair

Não, acho que estás te fazendo de tonta
Te dei meus olhos pra tomares conta
Agora conta como hei de partir.

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