segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Homenagem III

onde tudo que havia era um armário na sala dos professores, com não muito mais que duas centenas de livros. Em cada intervalo, a conhecida “hora do recreio”, pedia licença e me deixava estar ali, sentada no chão, escolhendo qual levaria para ler em casa.

Biblioteca era espaço sagrado, e seus livros também. Deviam ser cuidados, lidos e devolvidos.

Um dia, em Querência do Norte, no Colégio Estadual Humberto de Campos, reencontrei meus amigos! Ali estavam, arrumadinhas na linda biblioteca, aquelas capas com figurinhas enfileiradas das capas da coleção! Vagalume!!!!!
E ademais: Os Seis, A Inspetora, O Gênio do Crime, ...

E quantos autores e autoras!!! Stela Carr, Marcos Rey, e aquele por quem morro de amores: Michel Zevaco!

Nesse ponto eu tinha uns 12 anos, e lia e lia, e cada dia trocava de livro, e a bibliotecária, grande pessoa, as vezes se espantava.

Sempre fui muito tímida, e fui a primeira criança do acampamento a começar a estudar em Querência, diferente de outras cidades, onde tinha os irmãos e amigos. Sentia a discriminação das outras crianças, e quase não tinha com quem conversar.
Assim, andava com Nostradamus, Lucrecia Borgia, Francisco I, Magdalena Ferrón, Buridan, Pardaillan, Capitan, Chicot, Margentina, ... quanta história.

Um ano passei dos limites, quando estava na sexta série. Quase reprovei em matemática. Durante as aulas, colocava um livro dentro do livro de matemática, e ficava lendo o tempo todo.

Lia no ônibus, indo e voltando da cidade onde estudava. Lia enquanto comia. Lia depois de comer, e antes de dormir.

Tanto ler me ensinou muita coisa. Praticamente tudo que faço hoje, é devido à relação com os livros na infância e na adolescência.

Ter escolhido História, ter escolhido ser professora, gostar da palavra e do papel, são derivados daqueles momentos, deitadinha, sentadinha, assombrada, encantada, quando ela nos apresentava mundos fantásticos.

E, hoje é 21 de novembro

(segue)

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