quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

De trabalhos e trabalhadoras

Trabalhei cinco dias na pizzaria. Me demiti. Dois motivos principais, que infelizmente não são engraçados:
1. Não tenho jeito pra produzir lucro pra um dono. Se as pessoas que iam lá comer, trabalhadoras e trabalhadores como eu, podiam comer e beber gastando menos, e ainda assim garantindo o funcionamento da pizzaria, por que deviam pagar mais, só pra uma pessoa ter mais lucro? E um lucro que não seria distribuido entre nós que trabalhávamos alí.
E, as gorjetas... iam pro bolso do dono. Pelas contas, só as gorjetas já pagariam um aluguel.
2. Além de explorar o trabalho, o dono queria também explorar sexualmente as trabalhadoras. Reclamou porque eu levava a camisa fechada até o último botão, por exemplo. Assim, estava num caminho em que fatalmente iria me deparar com um processo judicial, coisa que agora não tenho tempo pra empenhar.
Então, optei por sair, e voltar aos trabalhos do curso, que não fáceis.
Sobre os trabalhadores imigrantes:
1. Boliviana, 24 anos, um filho, vive com o companheiro, a mãe e a irmã. Ilegal, 'sin papeles'. Ha cinco anos em Madri, querendo voltar, porque tem ouvido notícias de que em Bolívia as coisas começam a melhorar;
2. Romena, 20 anos, uma filha, vive com a mãe, pai, irmãos. Em processo de legalização, porque Romenia entrou para a União Européia, mas, por dois anos, os romenos/as não podiam trabalhar fora da Romenia (claro). Quer voltar.
3. Paraguaio, uns 26 anos, mais de dois filhos/as, vive a quase cinco anos em Madri. Ilegal. Quer voltar, mas, se se apresenta para embarque, será deportado e não poderá mais voltar aqui. Quer voltar ao Paraguai com possibilidade de retornar a Espanha se quiser. Está tentando se legalizar.
O dono... não quero nem falar.
Bien de bien, a Trabalhadora volta aos afazeres antigos, sabendo fazer café na máquina e tirar cerveja do grifo (um equivalente ao chopp).

Um comentário:

Nelken Rot disse...

Me parece genial que hagas pública la realidad más oscura de mi país. Las inspecciones laborales para proteger a los trabajadores brillan por su ausencia.
Lo que me parece alucinante es que el dueño fuera italiano, inmigrante también, y fuera capaz de tratar tan mal a personas en una situación parecida a la que experimentó al principio de su llegada imagino.
Adelante trabalhadora el mundo te espera con los brazos abiertos. Beijao desde el MST do Madrid ;-D

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