quarta-feira, 12 de maio de 2010

11. Dos acontecimentos no parque

Ela observa o entorno, sente o ar, ouve, salta o muro e ganha a rua.
Wolf faz o mesmo processo, e muitos metros atrás, a segue.

Mão nos bolsos, uma touca prende os cabelos, caminha pela sombra que as árvores projetam, observando com cuidado.

Estranhamente, não há soldados à vista, e o toque de recolher já dispersara os poucos transeuntes

Depois de 20 minutos de caminhada rápida, pula uma cerca, e adentra um bosque correndo. Poucos minutos, e a respiração está ofegante. Senta na relva, apóia a cabeça sobre os joelhos e chora.


"meu amor, me manda notícias...", todos os problemas se tornam pequenos, e ela se sente idiota. Lembra o último abraço, quando ele lhe beijou o rosto, evitando a boca. A discussão que haviam tido, "não sei o que sinto por você...", "preciso de um tempo...", as frases que ele havia dito ressoam na memória.
Ela não havia respondido. Não via sentido em brigar, não tinha como influir nas decisões dele. Sabia que o amava, mas, sabia também que amor nao se pede, e não ia dizer nada. Que ele fizesse o que lhe parecesse melhor.

"fique sem mim, mas fique vivo, fique bem..." ela pensa agora, deixando as lágrimas, tantas horas contidas, correrem pelo rosto. Um soluço sacode o corpo, e Wolf, escondido na sombra, percebe como ela chora.

Sabe que tarefa principal lhe cabe: encontrar Lenoir, fazer ele chegar salvo em outro lugar. Se a tarefa veio, é porque não se imagina que ele não esteja vivo! Reanimada, ela se põe em pé de um salto, corre até a cerca do outro lado, e segue por outra rua.

Se aproximando do parque onde havia deixado Tornado, reduz o passo, olhando atentamente. Tudo calmo, tudo vazio. Mantém-se oculta na sombra e espera.

Wolf, também escondido, de outro ângulo percebe os soldados vigiando. Compreende a emboscada e sem pensar muito, sai da sombra e avança pela rua.
Passando por onde ela está, diz o mais sussurrado que pode "não saia daí, por nada!"
Ela não tem tempo de responder, e Wolf já está correndo pela rua, se afastando.

Dois soldados dão o alarme, e a angústia toma conta dela, "não, não, Wolf, não..."
"Páre!", gritam os soldados, precipitando-se para onde Wolf corria. Ela ouve um estampido.

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