sábado, 8 de maio de 2010

5. De como um parente do Jimbo entra na história

Abandonando a bicicleta, cruza a cerca e caminha pela pastagem.
"será que tem alguém vigiando?"

Se aproxima dos cavalos devagar, dá umas voltas, olha detidamente, escolhendo e acostumando os animais com sua presença. Ha quantos tempo não faz isso? Tenta manter a segurança, e não demonstrar medo, arranca um punhado de relva e se aproxima do cavalo escolhido.
Sussurra "che, bichinho, che, bichinho...venga, guapo, vem comigo..."

O animal fareja a mão estendida, recusa a relva, mas, não se afasta. Ela se aproxima mais, toca o pescoço do bichão, e passa a corda, gentilmente. Faz um carinho, encosta a cabeça na mandíbula, conversa.
"como é teu nome? Gosta de passear?"
Mete os dedos na boca, abrindo caminho pra corda que vai servir de freio. Ele balança a cabeça, mas, aceita. "lindo, lindo, caballo..."
Faz da jaqueta e manta seus pelegos e em dois tempos salta pro lombo. Dá umas voltas, experimenta os andares, "que tal, caballito, sabe marchar?". Os outros cavalos olham, e seguem comendo pacificamente.

Conduzindo a marcha, ela segue pelo meio da pastagem, buscando como cruzar a cerca. Um portão, fechado. "Saltar... você, salta, guapo?" É um risco, mas, tem pressa. Ensaia duas vezes a carreira, testa o animal, e arremete contra a cerca.

Feliz com a resposta do cavalo, uma alegria infantil toma conta, somada à adrenalina. A antiga criança toma posse do corpo, "IIIIIIIIIIHHHAAAAAAAAA,  adelante, Tornadooo!!!!!!!!!!!", berra a mulher, chamando a atenção de uns motoristas que olhavam as evoluções desde a pista, "upa, upa, upa caballooooooo!!!!!!"
Começa a cantar baixinho, "rump, rump, rump, pouco me importa la suerteeeee, se o tempo é feio, se é vida ou morte na sorte monto sem freio, até minha sombra se assustou e hoje não veio, qualquer cavalo é cavalo quando chego num rodeio... rump, rump, rump..."

Rumo ao centro da cidade, ultrapassando os veículos que iam lentos por causa das barreiras, ela ainda vê dentro de um carro o rapaz que se aproximara dela no metrô, que acompanha com olhar desolado os cabelos esvoaçantes da amazona.

Nenhum comentário:

Postar um comentário