quinta-feira, 6 de maio de 2010

1. De quando começou

O dia mal tinha começado, ainda sem claridade, quando a guerra chegou.
Ninguém sabia de nada.

Ela acordou, achando que era muito cedo, pois não ouvia o arrulho dos passarinhos. Pra continuar dormindo tranquila, olhou o relógio e se espantou, 06:30!! hora de saltar da cama.

Mas, o silêncio era inquietante.

Abriu a persiana, céu escuro, "chuva", pensa ela, mas, sem o cheiro e a sensação tão familiar de quando a chuva estava chegando, começa a duvidar de seus sentidos. "Parece que vem chuva, mas, cadê a sensação de chuva...?"

O coração se sobressalta, com um fiozinho de medo.

Tenta acender a luz, mas, não há eletricidade. "hum? humm..."

Arruma a cama automaticamente; se envolve na toalha e vai à cozinha, aquecer água pro mate e acender a caldeira pro banho. Ainda há gás, e na chama do fogão acende a vela.
No meio do banho a água se torna fria, mas, pelo menos o mate já está pronto.

"A ver as notícias...", mas, não há sinal de internet, e a bateria do computador não durará mais que duas horas. "será uma pane geral?" Espia pela janela, apreensiva. Deixa-se estar uns minutos na sacada, buscando informação nos odores, apurando o ouvido, alguma notícia trazida pelo vento quente que destoa do frescor matinal. "Qué raro". Prescruta o céu, mas, não atinge o horizonte, escondido na cortina de edifícios. "Qué raro..."

Faz hora, cuida da chama da vela pois que o dia custa a clarear. Lê um pouco, rabisca apontamentos num caderninho, revisa as tarefas do dia, e sai para o trabalho, com o cabelo úmido como gosta, com uma estranha e triste sensação na alma. Sente que algo lhe escapa.

Nenhum comentário:

Postar um comentário