domingo, 9 de maio de 2010

7. De como se burla a vigilância

O exército na rua, algumas pessoas sendo acompanhadas a delegacias, um intento de manter vida normal. O cavalo, que ela nominou Tornado, vai caminhando devagar, tloc, tloc, tloc no asfalto, chamando a atenção.
Os pequenos mercados tinham concentração de gente. Os grandes, fechados, pois que os trabalhadores estavam sem transporte público. Aguns postos de combustivel com movimento.

Mas, sem pânico, tudo muito ordenado, sob a mira de fuzis.

"deusadeusterra, cuida do meu amado...", o coração se derrama em preocupação.

Segue para o Patio, imaginando o que irá encontrar.
De fato: milicos, portas escancaradas. "pobre gente..."

Sabe pra onde ir. Dá voltas pela cidade, evitando os lugares mais característico da esquerda. Quando se sente segura, vai ao local mais secreto.

Deixa Tornado solto num pequeno parque com um chafariz. Alonga o corpo, sentindo dores nas articulações das pernas, pelo tempo que levava sem montar. A bunda está dolorida. Pula a cerca, evitando os portões; põe o cabelo embaixo do chapeuzinho, deixa 'tapeado' nos olhos, e caminha resolutamente, tentando dominar as dores.

Chega no endereço, observa qualquer irregularidade, aguarda uma longa meia hora escondida. Sentindo-se tranquila, corre, salta o muro e desce para o porão.
Sibila a senha, e Clara abre a porta.

As duas caem nos braços uma da outra. Clara chora compulsivamente "John não chegou..."; ela estreita a amiga em seu abraço e lhe beija a face, "vamos encontrar ele", responde, tentando pôr firmeza na voz.

Não percebe de onde vem o abraço, só sente quando está quase sufocada por Wolf, que a beija nos olhos, no rosto, na boca. Clara, com olhar de confirmação de suspeitas, sai da sala. Ela retribui o abraço.
"Wolf..."
"Me perdoa...me perdoa..."
"Wolf..."
"Sou um idiota... me perdoa que nunca tenha feito isso... e agora..."
"Te perdôo, não tem de quê, mas te perdôo. Quem mais tá aqui? Que notícias temos?"
"Tem mais gente. Antes de nos reunimos com todos... tô feliz que você está viva e aqui, ia morrer se te perdesse assim..." Ele vai se recompondo.
"E Joana?"
"Ficou em casa. Não entende o que tá acontecendo. Brigamos desde que chegou a primeira noticia, e saí definitivamente de casa; se for pra morrer, que seja com quem comparto meus sonhos..."
"Noticias de Lenoir?"
Uma sombra passa nos olhos de Wolf, "Não..."

Trocam outro abraço apertado, quando outras pessoas vão entrando na salinha, querendo abraçá-la.
Sorrisos nervosos, lágrimas, e o radinho a pilha vai dando as notícias.
"Esteja bem meu amor..." ela tenta pôr ordem nos pensamentos e firmeza nos olhos, enquanto o coração, escondido, chora.

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